Istambul
Chegar em Istambul depois de quase um mês na Rússia foi praticamente um choque! Embora, ainda estivéssemos na Europa, a sensação era totalmente “da Ásia”. A Rússia tem sua beleza e riqueza, mas é um país mais sério, mais racional, onde dificilmente conseguíamos nos comunicar. Já esperávamos que fosse diferente na Turquia, até porque temos alguma “ideia” sobre eles, os “turcos”. Mesmo assim, foi como um momento de deja vu… Só que em outro idioma e com outra religião.
Não é pra menos… Istambul é a única cidade no mundo que pertence a dois continentes: metade na Europa e a outra na Asia. O estreito de Bósforo (aquele famoso que aprendemos no colégio) corta a cidade e a divide, dividindo também o país. Conseguiu localizar Istambul na história? Não? E se eu disser que Istambul é a antiga Constantinopla? Antiga capital do Império Romano do Oriente? Antiga Bizâncio?
Céus, como tivemos aulas na escola sobre esse lugar. E ali estávamos nós! Parecia mentira. É por isso que adoramos viajar… Nos sentimos parte da história do mundo, deixando nossas pegadas em lugares tão emblemáticos e importantes onde tantos outros já deixaram as suas… Bom, voltando a Istambul, a cidade ainda é a sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, que por sua vez, é a sede da Igreja Ortodoxa. É também um importante centro islâmico no mundo. Ásia e Europa, Islamismo e Igreja Ortodoxa… É, Istambul não é para os fracos.
E é exatamente essa mistura que orgulha grande parte da população e na qual se amparam muitas propagandas do governo (que é controlado hoje pelo Partido Muçulmano): a cidade da tolerância, da convivência respeitosa e sadia. Não escondo que é um discurso delicioso de se ouvir, mas não conseguimos garantir que ele seja aplicado em todas as instâncias. De qualquer forma, não presenciamos nenhum ato de racismo, intolerância religiosa ou algo do gênero.
Istambul é uma cidade muito, muito vibrante. Turistas de todas as nacionalidades se misturam aos 13 milhões de habitantes da sua região metropolitana. Mistura recheada de boas negociações e doces de pistache deliciosos (o sabor ‘romã’ é simplesmente divino). Não é a capital. A capital se chama Âncara. Mas é a cidade mais importante econômica e culturalmente.
A oferta de transporte público na cidade é bem farta. Para chegar do aeroporto, só existe a opção metro, mas para andar pela cidade e, principalmente, para visitar os pontos turísticos, o ideal é usar o tram (um bondinho bem fofo, rápido e frequente).
A “fama” que os turcos têm, pelo menos em meu círculo de convivência, é de negociadores ardilosos, persistentes e bons de lábia. É… comprovamos que onde há fumaça, há fogo. Os argumentos são dos mais diversos e em vários idiomas. Mesmo sem a menor intenção de entrar na loja, eles nos chamavam, lá de longe: “hello”, “where are you from?” (de onde você é?)… e quando nos ouviam conversar era uma chuva de: “olá, amigo”, “como estás”, Itália, Espanha, Portugal, Brasil??? Além do tradicional: “tenho um amigo no Brasil, que por coincidência, mora em São Paulo”, falado não raramente em ‘portunhol’. Achamos que até chinês esses caras são capazes de falar. Tudo pra vender e te convencer. Mas eles não se conformam quando você sai da loja sem comprar nada, NADA! Aí, eles falam em turco (ou algum outro dialeto) e temos certeza de que estão xingando todo mundo da nossa família… rsrsrs
E por isso que duas das maiores atrações de Istambul são mercados: o Gran Bazaar e o Spicy Market (Mercado de Especiarias).
Gran Bazaar
Onde fica: bem perto de Sultanahmet, a região onde ficam as mesquistas.
Como chegar: bem fácil. Estação Beyazit do tram
Quanto custa: Gratuito
Quanto tempo: depende muitoooo, mas no mínimo, 2 horas.
É um enorme mercado que vende de tudo a todos os preços: de tapetes a doces, de porcelanas a luminárias. É o melhor lugar para troca de dinheiro, tem a melhor taxa de câmbio de toda a cidade.
Pechinchar é a alma do viajante e, com boas negociações, dá pra comprar muita coisa bacana. Infelizmente, nós não temos mito espaço para armazenar aquisições e, por isso, acabamos não comprando muito, mas tem cada luminária linda! As lojinhas são super arrumadinhas e o lugar em si é muito peculiar, parece uma grande caverna. A visita é essencial, mesmo que não haja nenhuma intenção de comprar (embora eu duvide que essa intenção resista a mais do que 10 minutos).
Spicy Bazar
Onde fica: na frente da entrada sul da Galata Bridge.
Como chegar: de tram, estação Eminonü
Quanto custa: Gratuito
Quanto tempo: 1 hora
O Spicy Bazar nos decepcionou um pouco. Achamos que ele seria um mercado de especiarias, no qual, conheceríamos novos sabores, temperos e novos cheiros. No qual poderíamos conversar com os vendedores e entender do que se tratam as coisas. Especiarias foi o que menos encontramos por lá, assim como, vendedores abertos a conversar (todos só estavam interessados em vender enlouquecidamente, o que nos afastou deles). O mercado é recheado de lojas de doces típicos e algumas de temperos. Os doces são maravilhosos e muitas lojas oferecem degustação, o que agrada ao paladar e ao bolso. Fiquei, e ainda estou, completamente viciada pelo doce de romã, o que me faz ter algumas crises de abstinência desde que deixamos a Turquia. IMPERDÍVEL!!!
O chá na Turquia é algo de fenomenal, principalmente os de fruta, que eu adoro. No mercado, encontramos outros muito cheirosos e românticos, como o chá do amor. Não compramos, mas se o sabor for parecido com o cheiro deve ser divino. No geral, os preços não são dos mais caros, mas também não baixos. Vale pela comodidade e pelo bate-papo com os vendedores (se você for comprar, eles podem ficar horas conversando sem nenhum problema).
Istambul também é famosa pela beleza das suas mesquitas. E com todo direito. Não conhecemos muitas mesquitas ao redor do mundo, então, não podemos dizer que são as mais bonitas e tal, mas entrar na Mesquita Azul e se deparar com aquele teto inteiro de vitrais azuis e vermelhos é algo de espetacular.
Mesquita Azul
Onde fica: Sultanahmet
Como chegar: estação Sultanahmet do tram
Quanto custa: Gratuito
Quanto tempo: 2 horas (1 na fila e outra dentro da Mesquita)
A Mesquita Azul é otomana e foi construída no começo do século XV com o intuito de ser mais bonita e grandiosa que o Hagia Sofia (antiga basílica da igreja ortodoxa, hoje transformada em museu) e é a única que possui sete minaretes. Minaretes para quem não sabe, são as torres das mesquitas. O objetivo dessas torres é propagar o “chamado da oração”, aquele momento em que os islâmicos param para rezar. São cinco chamados ao longo do dia. Assim, quanto mais minaretes uma mesquita tem, mais força ela tem também.
Não sei dizer se é ou não mais bonita, mas com certeza deixa qualquer queixo caído. Por fora, a arquitetura; por dentro, os vitrais azuis. Não é à toa que ela é o principal cartão postal da cidade. Para entrar, é importante estar atento a duas coisas muito importantes: o horário de visitação (que muda diariamente, dependendo dos horários das orações) e a vestimenta. Os horários mudam diariamente e a mesquita divulga todos os dias. Embora esteja desenhado nas plaquinhas que homens não podem entrar de bermuda, na prática, eles não impedem ninguém. Já as mulheres precisam de mais atenção: pernas, ombros e cabeça cobertos sempre. Se, por acaso, alguém esquecer, eles emprestam um paninho que pode servir como uma saia longa ou um xale. Para entrar, é obrigatório tirar os sapatos e guardá-los em um saquinho oferecido por eles.
Andando pela cidade, encontramos muitas outras mesquitas, sempre imponentes e cheias.
Istambul tem dezenas de cisternas espalhadas pela cidade, mas a Cisterna da Basílica é a maior de todas. Paulinho quis, porque quis visitá-la. Mesmo eu achando que era muito cara, sucumbi e entramos. Não nos arrependemos.
Cisterna de Basílica
Onde fica: ao lado do museu Hagia Sofia
Como chegar: estação Sultanahmet de tram
Quanto custa: 10 USD/pessoa
Quanto tempo: 1 hora
Eu ainda não me conformei porque tanto capricho e dinheiro investidos em uma basílica… para armazenar água! Ela foi construída em 532 (UAU!!!) e é formada por 336 colunas romanas. Jamais imaginei que uma cisterna poderia ser bonita. Tem 10 mil metro2 e capacidade para acumular 30 milhões de litros.
Hoje, não exerce mais a função e se tornou uma das principais atrações da cidade. Tem até peixinhos na água e um bar. É fria e escura (obviamente) e duas de suas colunas são famosas por serem esculturas da medusas. Uma delas está de ponta cabeça e muitas teorias se desenvolveram para explicar o porquê, mas de verdade, ninguém conseguiu. Assim, saímos de lá acreditando que não há um motivo especial para isso.
Sendo Istambul a capital do Império romano do oriente, não podia faltar um palácio. E que palácio!
Topkapi Palace
Onde fica: bairro se Sultanahmet, perto da Mesquita Azul e do Museu Hagia Sofia
Como chegar: Tram até a estação Sultanahmet ou Gülhane
Quanto custa: 15 USD/pessoa
Quanto tempo: 3 horas
Vou pular o blá, blá, blá sobre porque os palácios existem ou porque eles são lindos! O Topkapi foi a primeira residência dos sultões otomanos na região e por isso mesmo ele é um desbunde em luxo e riqueza. É muito imponente e tem salões para todas as ocasiões possíveis: jantares, treinamento do exército jovem, trocas de roupas do sultão, espaço de leitura do sultão e muitos jardins, além de mesquita, hospital e padaria, piscina.
Chegou a abrigar mais de 4000 pessoas, mas a partir do século XVIII começou a perder importância porque os sultões começaram a preferir os novos palácios construídos às margens do estreito de Bósforo. Hoje, sua função é 100% turística e dentro do complexo, há algumas outras atrações que devem ser pagas à parte, como a coleção de jóias do império (mas, esta parte nós pulamos). Juntamente com a Mesquita Azul é o lugar mais visitado da Turquia.
Além dessas atrações, vale também subir a Galata Tower para ver a cidade de cima, tomar o sorvete turco e brincar com os atendestes, sentar em um banco do Sultan Ahmet Park e observar o cotidiano dos turcos, a dinâmica das famílias, os argumentos dos vendedores ambulantes de perfumes e doces, o comportamento das mulheres muçulmanas e o vai-e-vem dos turistas. Vale muito a visita à região de Taksim, ao norte do centro velho. Um verdadeira shopping a céu aberto.
Cinco dias é muito pouco. Istambul dá outros significados às coisas. Mostra outras possibilidades de vida. Energiza, desequilibra e embeleza. É o caos que faz a história ser contada e construída a cada minuto da sua existência.
Como chegamos: avião de Moscou
Quanto custou: 315 USD/pessoa
Quanto tempo levou: 3 horas
Gasto médio/dia: 65 USD/pessoa
Depois de São Petersburgo: Goreme, Capadócia
Onde nos hospedamos: Lisa Home
Quanto custou: 40 USD/dia
Como sempre, post maravilhoso…Bjs
Rody, obrigada sempre! 😉