Viajar é… 10 coisas que aprendemos em 30 dias de mochilão

Viajar é transformador, revigorante. Viajar é conhecimento, aventura, descanso. Viajar é entender o outro, entender a você mesmo e entender porque o mundo é tão grande e tão diferente. Viajar é viver.

E depois de 30 dias de andanças pelo mundo, de vida correndo no sangue, já temos alguns aprendizados para chamar de nosso!

Para não deixar nossas descobertas escondidas em um cantinho secreto da nossa memória (e também para comemorar nosso primeiro mês de viagem), listamos as 10 coisas mais marcantes que aprendemos e vivemos até agora. E como temos absoluta certeza de que qualquer viagem (pequena ou grande, dentro ou fora do país) sempre nos ensina alguma coisa, convidamos vocês para aumentar a lista. Quem quiser participar, é só deixar registrada a experiência nos comentários.

1) A língua universal não é o inglês, é a mímica

E além de universal, ela é mais delicada, mais engraçada e mais afetuosa. É sempre aquela alegria, quando, depois de muita força de vontade e jogo de cintura, todo mundo se entende. Garantia 100% de muitas risadas.

Vendedor de frutas que não falava nem o preço em inglês.
Vendedor de frutas que não falava nem o preço em inglês.

 2) Você está fora do seu país, mas seu país não está fora de você

É inevitável a comparação com o Brasil em tudo o que vemos quando estamos viajando, para o bem e para o mal. Sempre que experimentamos algo novo, a primeira cosia que vem à nossa mente é: “como seria isso no Brasil”? Quando encontramos um brasileiro a identificação é imediata e o papo não tem hora pra acabar, principalmente em um lugar tão carente de brasileiros quanto o sudeste da Ásia.

Também temos uma necessidade maior de sentir que estamos perto da família e dos amigos. Talvez seja uma forma de compensar a distância física e de não ter a sensação de que estamos perdendo momentos importantes.

3) Viajar de forma independente tem infinitos prazeres, mas também muitos afazeres e perrengues

Trocando em miúdos: nem tudo é festa. Quando a viagem é muito longa, é praticamente impossível saber tudo o que vai acontecer e planejar datas, acomodação e transporte para todos os lugares que você quer visitar em 8 meses. Mesmo considerando que seja possível realizar essa proeza, ela deixaria  pouco espaço para as novidades e acabaria por nos prender a um plano muito antigo.

Dessa forma, desenhamos a viagem conforme viajamos. Mudamos o roteiro (excluímos a Malásia, ficamos mais dias no Vietnã), muito baseados em custo e facilidades, decidimos na hora o tipo de transporte (avião, trem, ônibus ou barco) e pesquisamos sobre as atrações de cada cidade quando chegamos nela. E tudo isso leva muito tempo, muito mais do que imaginávamos antes de começar.

E mesmo depois de tudo (quando parece que foi a melhor decisão), vêm os perrengues. Viagem de ônibus que levaria 16 horas, leva 22. Pneu da moto que furou no meio da estrada deserta. Quarto com formigas. Chuveiro que só tem água gelada. Roupas manchadas na lavanderia e muitos outros que virão, com certeza!!!

Pneu furado parte 1
Pneu furado parte 1

Pneu furado parte 2
Pneu furado parte 2

 4) Os jovens de hoje já não são mais os mesmos

É impressionante a quantidade de jovens da nossa idade (entre 25 e 35) que encontramos pelo caminho fazendo a mesma coisa que nós. Viajando por meses e meses, muitos sem previsão de volta. Para alguns, mochilar é parte da vida (como um italiano que conhecemos que trabalha 6 meses por ano e viaja os outros 6); para outros, mochilar tem um certo caráter humanitário (um casal de suíços que está indo fazer um trabalho voluntário no Camboja). Outros buscam conhecimento e aventura (um irlandês que gosta do desconhecido e prefere países sobre os quais ele sabe pouco).

Também é bem grande o número de viajantes solitários, homens e mulheres, sem restrições. Em busca de um tempo para si próprios, de auto-conhecimento, de festa ou de nada em especial, só de viajar mesmo.

5) Em muitos países, você é a principal fonte de renda para a população

O Camboja é um excelente exemplo. O país foi recolocado no mapa quando os Templos de Angkor viraram uma grande atração turística. A renda gerada pelos turistas é muito grande para os padrões do país e faz a economia girar. Conversamos com um motorista de tuk tuk que trabalha durante os 6 meses de temporada e nos outros 6 ele trabalha com a família em uma lavoura familiar.

Ou seja, todo dinheiro ganho durante a alta temporada vai alimentar as bocas de uma família durante o ano todo. Ao mesmo tempo, em que isso nos faz sentir um certo tipo de responsabilidade, também nos ajuda a entender porque os locais são tão insistentes (muitas vezes, até um pouco irritantes) e porque eles fazem de tudo para você comprar qualquer coisa.

Hoteis, ATMs, agências de viagem, tudo.
Hoteis, ATMs, agências de viagem, tudo.

Vendedora de frutas, milhos e etc.
Vendedora de frutas, milhos e etc.

6) Muitas famílias alugam quartos em suas próprias casas para viajantes

E como isso é comum aqui na Ásia. MUITO comum. Quando fomos pra Cuba, achamos o máximo poder ficar nas casas dos cubanos para entender melhor o estilo de vida deles e não imaginávamos como isso poderia ser mais normal. Essa prática é extremamente difundida aqui na Ásia. São as chamadas homestay.

Em todos os países pelo qual passamos, ficamos pelo menos em uma cidade em uma homestay. É uma solução barata, amigável e culturalmente rica, embora, a barreira da língua algumas vezes não permita um entendimento mais profundo sobre a vida da família.

Nossa super host, que nos alugou um quarto em Hoi An, Vietnã.
Nossa host, que nos alugou um quarto em Hoi An, Vietnã.

7) Pobreza e violência não são sinônimos

Comprovamos na prática o que já acreditávamos ser a mais pura verdade. Felizmente, a pobreza não gera violência por si só. Infelizmente, no Brasil essa é uma das verdades mais absolutas do senso comum, mas ela é falsa e o mundo está aí para ajudar na comprovação.

Laos, Camboja, Tailândia, Vietnã têm uma legislação forte e fiscalização muito presente quando o assunto é violência urbana. E é claro que isso ajuda, e muito, no controle. Mas isso não explica tudo. Seria fácil demais. Aqui, andamos em ruelinhas escuras, vazias, às 11h da noite, tranquilamente. Os próprios moradores nos deixam seguros com relação a isso. É extremamente difícil encontrar alguém armado na rua.

A verdade é que, mais do que classe social e poder econômico, existe uma questão cultural forte relacionada ao respeito à vida do outro. Não importa se a pessoa é pobre, ela tem valores que as norteiam e que as impedem de atentarem contra a vida, principalmente nos países budistas.

8)  Nossa casa é onde nós dois estamos.

Conseguimos viver com menos. Fato!!! Isso nos lembrou os tempos mais árduos da faculdade. O que nossa mala suporta é tudo o que temos de bens materiais para viver 7 meses. Na média, a cada 4 dias fazemos as malas e nos mudamos (às vezes, nosso teto é o trem, o ônibus ou o aeroporto) e, de repente, estamos em um novo lar.

O importante não é se a casa é pequena, grande, quantos itens de decoração tem ou quanto ela vale, mas o que vivemos dentro dela. O que importa é o seu coração dizendo pra você que você está no lugar certo, lugar onde você queria estar.

Viagem de Hanoi para Hoi An, trem noturno.
Viagem de Hanoi para Hoi An, trem noturno.

Nosso bus para Siem Reap, Camboja. Usado por locais e turistas. Rápida parada na estrada.
Nosso bus para Siem Reap, Camboja. Usado por locais e turistas.

 9) Menos frescura, por favor.

Também estamos aprendendo a viver certas situações com menos frescura e mais força de vontade. Se a homestay não tem banheiro privativo, vamos dividir então com os outros hóspedes. Se a comida de rua (feita com bem menos requinte) é a única que cabe no orçamento da viagem, é ela quem vai matar nossa fome. Se o melhor custo-benefício em transporte é o busão de linha, vamos entrar no clima dos locais e seguir viagem.

Rodoviária de Chiang Rai.
Rodoviária de Chiang Rai.

 10) Viajar vicia.

Mil aprendizados e uma conclusão: o mundo é maravilhoso, surpreendente e muito amigável. E isso vicia. Demais. É um caminho sem volta, quanto mais você conhece, mais quer conhecer; quanto mais você aprende, mais quer aprender. Quanto mais você vive, mais quer viver.

A boa notícia? Não tem tratamento eficaz e o melhor remédio para curar uma abstinência de viagem é fazer outra viagem. Bora lá?

Mercado matutino em Luang Prabang. Na calçada, de alface a espeto de rã.
Mercado matutino em Luang Prabang. Na calçada, de alface a espeto de rã.

Fofura!!!
Fofura!!!

Cachoeira... A água era exatamente dessa cor.

Cachoeira em Luang Prabang

White Temple. O templo budista mais lindo que vimos até agora.
White Temple. O templo budista mais lindo que vimos até agora.

 

 

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11 COMENTÁRIOS

  1. Adorei! simplesmente muito motivacional!
    Em minha vida tive alguns viagens pela Europa nos grandes centros, mas nao era algo que me preenchia, agora estou partindo para 6 meses entre o leste europeu e a asia!

    Obrigado!

    • Oi Cláudio, adorei sua mensagem!
      Obrigada pela visita e pelo comentário. Tenho certeza que sua viagem será incrível e fiquei feliz ao saber que meu texto motivou você.

      Boas aventuras!!! 🙂

  2. Estava devendo uma visita por aqui!!! Que demais!! Como sempre o post eh informativo e interessante…. viajar vicia! Essa eh a minha favorita! bjooo

  3. Muito bom tudo o que você escreveu. Quando conheço outros lugares eu não só aprendo coisas novas, mas eu sinto que de alguma forma isso causa uma transformação interna, você passa a ver o mundo, as pessoas com outros olhos, e até rever conceitos e preconceitos. Beijos para vocês!!!

  4. E o que me deixa muito feliz é saber que, pelo jeito, essa aventura está muito próxima ou ainda melhor do que aquilo que vocês imaginavam! Vi um sorriso de muita satisfação no seu rosto em cada uma das 10 impressões…
    PS: Como assim PRETENDEMOS voltar? kkkkkkkkkkkk
    Bejios!!!

  5. Feliz primeiro mês pra vcs!!! Nem sei o que dizer… concordei com 11 dos 10 itens! rs. É exatamente o que eu penso e eu não teria dito melhor… bjo enorme pra vcs e até o próximo post! =)

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