Adoramos cheirinho de aeroporto! Sabe aquele cheirinho de novo, de inexplorado? Então! E mesmo que a gente viaje bastante a trabalho e para visitar família e amigos, as férias são sempre uma contagem regressiva à parte. Dessa vez tínhamos um destino bem claro: a Ásia! Essa era uma fronteira ainda inexplorada, da qual sempre ouvimos falar muito, principalmente por nossos amigos mochileiros. A partir daí, o difícil era escolher especificamente o país! Depois de muito pesquisar sobre clima, custos etc, decidimos por Myanmar! Fomos via Tailândia e por lá nosso roteiro foi Mandalay-Bagan-Yangon, as três maiores cidades.
De cara ficou claro que precisaríamos ter uma atenção especial com os costumes locais e alguns assuntos mais delicados. Afinal, na ex-Birmânia a presença militar ainda é muito forte no cotidiano da população e, do ponto de vista político, a abertura do país ainda é lenta. Por isso, nos preocupamos em ler bastante a respeito e não provocar conversas sobre política ou forças armadas com os locais, muito menos em grupos ou em público. O turismo consciente é particularmente importante em Myanmar!
Por outro lado, a chegada dos smartphones (evidentemente chineses) e da internet pré-paga (e tudo que vem junto!) há cerca de 3 anos já virou uma febre de consumo no país e tem de tudo para provocar uma revolução mental. Encontramos estrangeiros que foram morar por lá devido à demanda por profissionais da área de telecomunicações. Propagandas das duas companhias que prestam o serviço (norueguesa e americana ) são encontradas por todos os lugares!
Percebemos uma população muito curiosa em interagir com os estrangeiros (dentro dos limites birmaneses…) e conhecer a realidade fora do país. Todos são muito receptivos e amistosos! Sempre respondem a um tchauzinho com muita festividade, acenos e sorrisos. Duas palavrinhas mágicas ajudavam a deixar o pessoal ainda mais alegre com nossa visita: “mingalaba” (oi!) e “tse tsu be” (obrigado/a). Usamos e abusamos!
No geral, a população de Myanmar é bem simples e vive de maneira humilde, sem muito luxo ou supérfluos. Apesar do país ainda carecer de bastante infraestrutura básica, tivemos uma surpresa positiva em relação àquilo que estávamos esperando. Talvez um pouco em função das estatísticas que sempre classificam Myanmar como um dos países mais pobres e desiguais da Ásia, nos preparamos para algo bem mais impactante. Não que não tenhamos visto cenas marcantes, mas nossa experiência no interior da Bolívia e Peru foi bem mais reveladora nesse sentido.
Filosofia Budista em Myanmar
A filosofia budista parece ser o elemento principal de uma vida mais livre, leve e solta! Sempre tem alguém pelo templo orando, não importa o horário, e a população é muito solidária entre si, o que pode ser visto nos vários jarros de água disponíveis até no meio da rua, que as próprias pessoas reabastecem. Água purifica nunca pode faltar!
Nos templos, as caixas de doação estão sempre com algum dinheiro, pois eles dão muito apoio às famílias mais pobres, frequentemente ajudando as pessoas que precisam reconstruir suas casas, destruídas no período de monções. Mesmo assim, ficamos impressionados com o que encontrarmos: pessoas que tem uma vida difícil, mas que parece menos sofrida dada a forma como eles a encaram e também graças a todo o suporte da filosofia budista. Por não haver uma figura centralizadora, como o Papa, no budismo (não, o Dalai Lama não é esse cara!), o trabalho com a comunidade local é ainda mais forte.
Para a nossa surpresa encontramos muitos monges nas ruas. Inicialmente, achávamos que eles viviam enclausurados e reclusos da sociedade, mas isso só acontece uma vez por ano e dura 3 meses. Mais ou menos, entre junho e outubro, os monges não podem sair dos monastérios sem um objetivo bem específico, por isso é mais raro vê-los pelas ruas. Neste período os birmaneses também não se casam! A vida de um monge budista exige muita disciplina e dedicação, o que incluiu abdicar de bens materiais e raspar os cabelos. Isso vale inclusive para as monjas, que ficam em monastérios separados.
Monges e monjas se alimentam apenas duas vezes ao dia com o que coletaram em suas andanças: logo cedo (5-6h) e próximo ao meio-dia. O restante do dia, “se alimentam” apenas de água! Sua vida é dedicada a estudos, reflexão, orações e ações comunitárias e eles são extremamente respeitados pela população. É comum ouvir algum monge citando os ensinamentos de Buda ao visitar os templos. Os monastérios também têm um papel fundamental na alfabetização das crianças. Apenas 3-4% da população não sabe ler – e segundo o guia, fonte da informação, não se trata de analfabetismo funcional!
Os monges saem todos os dias muito cedo pela manhã para coletar, junto com sua comida, utensílios básicos como creme dental, sabão, guarda-chuva, etc; pois um monge deve viver apenas com itens doados. Conceitualmente, o monge não pode receber dinheiro, mas um dos guias que conhecemos nos disse que a modernidade tem obrigado o budismo a fazer algumas concessões.
As famílias costumam incentivar que um dos seus filhos vá para o monastério ainda cedo, com 8 ou 10 anos, e viva como monge por toda sua vida. Aqueles homens que não serão “monge de carreira” ainda assim têm que passar pelo menos um período de 3 meses de reclusão em algum momento da sua vida. Por outro lado, o serviço militar não é obrigatório…
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Padrões de Beleza e Moda em Myanmar
Enquanto os monges usam uma túnica avermelhada, as monjas usam a cor rosa. Os demais homens e mulheres usam saias. Chamadas de longyi, são a vestimenta oficial! Os homens com versões mais sóbrias, enquanto as mulheres ousam um pouco mais com cores vibrantes e estampadas. Foi difícil descobrir alguma tendência de moda, a não ser as combinações de estampado com quadriculado ou coisas do tipo (o que aos moldes ocidentais não são tão atraentes assim)!
Em Myanmar o estereótipo de pessoa bonita é aquela com a pele bem branca, embora o pessoal não seja tão clarinho assim no geral. Para se proteger do sol e hidratar a pele, os birmaneses contam com um produto orgânico milenar poderoso: a Tanaka! Essa pasta é feita esfregando a madeira contra a pedra com um pouco de água. Eles passam em todo o corpo e colocam uma concentração maior no rosto para servir como uma maquiagem, variando as formas e a intensidade do desenho.
Caminhando pelas ruas ou calçadas também encontramos frequentemente marcas vermelhas ao longo de todo o caminho. Esse é o cuspe do betel, uma folha que os nativos costumam mascar o tempo inteiro. Este costume deixa os dentes bem avermelhados, o que pode ser facilmente visto nos sorrisos frequentes dos birmaneses.
Trânsito em Myanmar
Falando em andar na rua, o trânsito é algo à parte. O lado em que eles dirigem é o mesmo que o nosso, o direito. Por isso o motorista também fica do lado… direito! Isso aí! É quase impossível fazer uma ultrapassagem segura. Presenciamos nos ônibus o “Bus Attendance”: o assistente que vai sentado em um banquinho plástico à esquerda da cabine orientando o motorista quanto às ultrapassagens e conversões.
Inicialmente o sistema era 100% inglês com a condução pela esquerda, mas depois que a junta militar assumiu o poder, ela decidiu alterar o lado e se “libertar” dos costumes ingleses, causando toda esta confusão. É preciso ter bastante cuidado ao descer do ônibus pois em algumas situações a porta fica à esquerda e descemos em pleno trânsito, do lado contrário à calçada!!!
E foi assim, em meio a esse turbilhão de aventuras, que enfim descobrimos um pouquinho de Myanmar: um país que ainda conserva uma sociedade bem genuína e que pouco a pouco vem tendo maior contato com a cultura externa. Mais do que recomendamos esse destino! E se você ficou curioso para saber mais, não perca os próximos posts com as dicas práticas e o principal de cada cidade!
Carol e Marcelo adoraram Myanmar e toparam o desafio de contar pra gente como foi sua viagem. Eles são Gente que Ama Viajar.
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