Por Fernando Magnoler
7 dias de aurora boreal, esqui off-track, dirigir na neve, cidades-fantasmas e trilhas selvagens nas maiores montanhas dos EUA
Decidi que faria uma viagem ao Alaska em pleno inverno. Se nem mesmo eu acreditei nessa ideia, imagina as pessoas para quem eu contava! Muitos chegavam a dizer que era loucura demais, mas uma minoria chegou a gritar de tanto êxtase.
O Alaska é um lugar que é tido como inóspito e ermo pelo senso comum. Mero engano: o Alaska é um dos lugares mais ricos em natureza, e em atividades fora do usual para nós brasileiros. Esses sete dias se transformaram na semana mais incrível da minha vida!
Inspirado desde criança pelo sonho de ver a aurora boreal (havia uma figurinha com ela no velho Chocolate Surpresa da Nestlé) e também pelo filme Into the Wild (Na Natureza Selvagem – tem no Netflix, ok?), pesquisei quando seria o menor preço possível de passagem e comecei a estudar a viagem. Ah, sim, paguei USD 670 (2ªf ida e 2ªf volta), mas o comum é ela custar cerca de USD 2 mil.
Mas antes de começar…
Algumas dicas para uma viagem ao Alaska.
Dica #1: Qual os objetivos principais da sua viagem? No meu caso, por exemplo: ver a aurora boreal, ir até o cenário do filme que comentei ali em cima e esquiar, e fazer tudo sozinho. Depois que planejar como realizar seus objetivos, pesquise sobre as outras atividades que existem no caminho para preencher sua agenda.
Dica #2: Estude, de verdade, cada lugar que for passar. Vale Wikipedia, vale review em blogs (principalmente blogs locais!), vale investigar sites oficiais das cidades por onde pensa passar (lá fora praticamente todas as prefeituras fazem uma boa auto-promoção)… Além de descobrir coisas que nem agências de viagens conhecem, você entenderá a história de cada lugar e se sentirá parte dele.
Então, vamos falar de Alaska!
O Alaska é o penúltimo estado em número de pessoas. A maior cidade do Estado é Anchorage com 300 mil habitantes, mas que possui todas as facilidades de uma cidade grande – e é provavelmente para o aeroporto dela que você conseguirá as melhores passagens e melhores preços. Foque em Anchorage e esqueça a capital Juneau, que tem 30 mil habitantes e é distante do restante do estado.
Roadtrip pelo Alaska
Escolhi fazer a viagem de carro e sozinho, justamente para eu escapar da correria do dia-a-dia do meu trabalho e para ter liberdade de mudar meus planos, ir para onde o acaso me levasse. E esse acaso, esse “fator surpresa”, apareceu diversas vezes nesta viagem e foi justamente isso que a fez se tornar única!
Dica#3: Além do carro, há outras formas para você conhecer o Alaska, como o trem que corta o estado de Norte a Sul (virou até programa no Canal Discovery –Nos trilhos do Alaska) e também através de cruzeiros, como os que saem de Vancouver (Canadá) ou Seattle (EUA). Particularmente, não sou muito fã de cruzeiros, principalmente porque você fica preso ao itinerário e horários deles, mas quem se interessar, pode ser uma boa pedida.
Vou dividir a minha viagem ao Alaska, em uma roadtrip de 2 partes: a parte Sul e a parte Norte. Anchorage será o centro de partida.
Eu preferi alugar um carro confortável e seguro para enfrentar os 2mil km de estrada, boa porém cheia de neve e gelo. Aluguei aqui no Brasil e paguei USD250 por 7 dias, com todos os seguros. Procure por promoções RentalCars ou no RentCars, parceiro do blog. Ah! A gasolina é muito barata; gastei aproximadamente 80 dólares para rodar os 2mil km. 😉
Viagem ao Alaska – PARTE SUL
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Dia 1: terça-feira, 8 de março de 2016, Anchorage
Cheguei de avião às 14:30, após 23 horas de viagem, com escala em Orlando e Seattle, e a temperatura local estava por volta dos 0°C. Corri para alugar o carro porque eu queria logo ter uma primeira vista impressionante do Alaska. Havia lido sobre os Glen Alps, montanhas que ficam apenas a 20 minutos do aeroporto, bem ao fundo da cidade. Lá estava eu para o que seria o abre-alas do Alaska.
Dica #4: se for viajar de carro, e essa dica não vale só para uma viagem ao Alaska, mas para qualquer viagem de carro. Baixe no Google Maps os mapas off-line das áreas por onde for dirigir. Assim você não depende do aluguel de um GPS e nem do velho guia de ruas.
Fiquei ali até o sol baixar, no inverno por volta das 17h, apesar desse horário, o por-do-sol no Alaska dura horas e leva um tempão até escurecer por completo e iniciei minha roadtrip rumo a Girdwood, uma cidade distante somente 50km de Anchorage e onde eu passaria os próximos 2 dias.
O cartão de boas-vindas dessa jornada, que seria recheada de aventuras não poderia ser diferente.
No caminho até Girdwood, você pegará o início da Seward Highway, uma das 500 melhores estradas do Livro “Drives of a Lifetime” da National Geographic. Falarei mais tarde sobre ela, mas neste trecho já há bons pontos de vista como o Beluga’s Point (ideal para ver baleias se estiver com um pouco de paciência).
Faça também uma parada no Mary Lou’s Liquor Store, uma lojinha “tem-de-tudo” na beira da estrada, cuja dona é uma simpática senhorinha que te contará várias histórias de aventura da vida dela. Aproveite para comprar alguns gifts baratos e diferentes da cidade grande.
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Dia 2: quarta-feira, 9 de março de 2016, Girdwood (esqui e pub)
Girdwood é uma charmosa cidade de cerca de mil habitantes, com apenas 1 mercado e alguns excelentes restaurantes e pubs. A economia é toda baseada em torno da estação de esqui Alyeska e não era pra menos: Girdwood foi eleita a segunda melhor cidade do mundo para se esquiar, por conta da quantidade de montanhas e slopes e da qualidade da neve.
Você pode ficar em hostels se estiver indo sozinho ou com amigos ou então hotéis ou em hotéis 5 estrelas, como o Alyeska Resort ou ainda alugar luxuosas casas de inverno por cerca de USD300 até 1000 por noite, uma boa opção quando você está em família numerosa. Tente aqui pelo Booking.
Esquiar no gigantesco Alyeska Resort não é tão caro se comparado a outros locais como Bariloche, Aspen e Whistler. O aluguel de todo o equipamento você encontra no próprio lodge do resort no pé da montanha: USD20 a 30 pelo esqui ou snow e mais USD50 a 80 pelos tickets com acesso aos lifts.
No pé da montanha, há alguns bons restaurantes como o The Bake Shop e o Sitzmark. A temperatura estava muito agradável para esquiar, em torno de 0°C. Dica: de quinta a domingo, é possível fazer esqui noturno em uma parte do Resort, e, o melhor, a um preço mais barato do que durante o dia.
Vídeo:https://www.youtube.com/watch?v=NpBbR1qGS-I
À noite, vá até o pequeno centrinho de Girdwood e conheça boas opções de jantar (em torno de USD 15 a 25): Double Musky Pub, Jack Sprat, Silvertip Grill são boas opções.
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Dia 3: quinta-feira, 10 de março de 2016, Seward Highway (cidade-fantasma e fiordes)
Acordei às 8h e peguei a estrada em direção ao Sul, a caminho de Seward. Como falei acima, ela é considerada uma das mais belas estradas para se dirigir e é exatamente isto: a cada curva é um “oh!” que mesmo sozinho você não consegue segurar.
A primeira parada foi em Whittier, uma curiosíssima cidade de um prédio só, tema até de um documentário. Construída na década de 50 para ser uma base estratégica dos EUA durante a Guerra Fria, quase 3 mil pessoas viveram ali nos anos 60, seu auge.
Quando a guerra acabou, mesmo com as 300 pessoas que escolheram continuar vivendo lá, o governo abandonou a cidade e isso a transformou em uma cidade quase fantasma. E todos os habitantes moram neste prédio aí da foto, o Begich, construído na época da guerra para acomodar as famílias dos militares.
No térreo, estão a polícia, o mercado e um ambulatório. Num pequeno galpão na frente do prédio fica a escola, a biblioteca e o ginásio da cidade. A economia gira em torno da pesca esportiva; Whittier é um dos melhores lugares para se pescar salmão no mundo.
Para chegar à cidade, atravessei o maior túnel dos EUA,, no qual passa somente um carro por vez, então precisei esperar na fila a vez do meu sentido. O incrível é que ele foi construído apenas na década de 80. O pedágio custa USD13 e foi o único que encontrei na viagem toda.
Prédio militar abandonado após a Guerra Fria
Continuando a viagem até Seward começam os vários pontos de vista deslumbrantes, com lagos de água doce congelados e fiordes verdes de água salgada. São tantos pontos turísticos que eu estacionei diversas vezes para tirar fotos. É preciso tomar cuidado, pois além de não haver estacionamento, você pode encontrar um urso saindo da hibernação (logo mais falarei desse risco de ser atacado por um urso!).
Enfim, chego em Seward no fim da tarde. No inverno a cidade fica muito vazia, mas há bons lugares na avenida da orla para comer o famoso Coconut Salmon e também visitar o Alaska Wild Life Center, um dos melhores museus e aquários para observar focas, ursos e outros animais da região.
Voltei para Girdwood para passar a última noite no hostel e descansar bem para as 12 horas de direção do dia seguinte, quando iniciaria a parte norte da minha viagem ao Alaska. A parte que viria a ser a mais incrível parte não só dessa viagem, mas da minha vida…
Casas de pesca e aventuras fechadas devido ao inverno
Mais dois vídeos meus:
https://www.youtube.com/watch?v=WftcP4x3k8g
https://www.youtube.com/watch?v=noScTQO9clQ
Não perca a segunda parte desta aventura e o ápice dela: a Aurora Boreal. Logo, logo, aqui no blog! 😉
Fernando topou o desafio de contar pra gente como foi sua viagem ao Alaska. Ela é Gente que Ama Viajar.
E você, também ama viajar? Tem dicas legais e quer compartilhar com seus amigos, família e outros viajantes? Escreve pra gente contando sua ideia. Clique aqui ou escreva um email para contato@contosdamochila.com.br. Quem sabe o próximo post não será publicado por você?
Obrigada por ler! <3
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