Como chegamos: avião de Bangkok pela Air Asia
Quanto custou: 90 dólares/pessoa
Quanto tempo levou: 1h30
Gasto médio/dia: 20 dólares/pessoa
Depois de Hanói: Hoi An
Acabamos de sair de Hanói, mas ainda não conseguimos assimilar tudo o que vivemos nesses últimos quatro dias na capital. Hanói é muito louca!
Imagine uma cidade muito, muito, muito agitada, quase alucinante. Então, ela é a prima caçula de Hanói. Hanói é um lugar cheio de cores, de luzes, néon, cheiros e muita gente.
Ao mesmo tempo e estranhamente, Hanói é uma cidade aconchegante. Embora capital do Vietnã, é um lugar simples, ainda bastante apegado aos costumes tradicionais, onde os vizinhos param uns aos outros na rua para conversar e dar risada.
Num primeiro momento, as pessoas parecem carrancudas, fechadas e bem pouco afetuosas. Elas ainda preservam um certo rancor do ocidente por conta das guerras, mesmo sendo o turismo uma grande fonte de receita para o país. Mas depois que você aprende e entende melhor a história e a cultura deles, a empatia é imediata, mesmo que a quantidade de sorrisos não aumente.
O primeiro contato com Hanói é memorável e inesquecível. O efeito daquele turbilhão de coisas completamente estranhas a nós parece nos tirar a consciência e nos transportar para outra dimensão. A forma como eles tomam sopa, o cheiro do tempero, as cascas de sementes espalhadas por todas as calçadas, o vai-e-vem frenético das motos, o barulho das buzinas, as máscaras de poluição no rosto das pessoas, o ar pesado, o horizonte difícil de enxergar, as panelas lavadas na calçadas, néon, néon, néon. “Pelo menos”, o alfabeto é romano. Herança da colonização francesa.
Chegamos do aeroporto em um van lotada de turistas que iam descendo nos hoteis, enquanto permanecíamos intactos. Nada do nosso hotel chegar. Fomos quase os últimos a descer e mesmo assim o motorista não encontrou nosso hotel. Ele nos deixou em uma avenida que “estava perto” e dali tivemos que nos virar do avesso para nos encontrar. O inglês de um vietnamita não é dos piores e conseguimos até nos comunicar. Mas aí, o que nós habituamos chamar de “instinto Brasil” começou nos atrapalhar.
As pessoas olhavam pra gente. Elas olham mesmo. Ainda somos diferentes para elas, é normal. E, infelizmente, nós estamos tão acostumados a desconfiar da nossa sombra, que cada olhar parecia “torto”, “esquisito”, “ameaçador”. Não conseguimos aceitar muita aproximação. Foi na raça mesmo.
A rua do hotel era suuuuuper estreitinha e novamente nosso “instinto Brasil” apareceu. “Será? É aqui mesmo?” Sim, o hotel era lá mesmo, bem simples, mas com um gerente pra lá de simpático. Subimos os três andares (sempre nosso quarto é no último andar) em uma escada super íngreme e enfim, estávamos. No Vietnã.
Nada melhor pra “pegar o espírito” do que sair para andar e, mesmo sob um garoa fina, foi o que nós fizemos. Aos poucos, fomos acostumando com o ambiente, entendendo o jeito da cidade, a organização das coisas. E fomos quebrando paradigma atrás de paradigma. O primeiro foi com a comida.
Barraquinhas de rua é o que não falta em Hanói. Tem de tudo: comida, sapato, roupa, bugigangas em geral, doces, bebidas, e muitos eteceteras… Mas as que mais nos chamou a atenção foram as comidas de rua.
Garagens, salas de estar e becos em geral viram restaurantes a céu aberto. As pessoas montam suas barraquinhas na calçada e colocam umas cadeirinhas (bem pequenas) para os clientes sentarem.
E elas estão sempre muito cheias, de turistas a locais, todo mundo se misturando ali, comendo noodles e tomando chá. A sensação que tivemos foi que o povo come o tempo todo. É tudo muito lotado sempre! No final da tarde, os locais ainda têm o costume de comer sementes de girassol e tomar chá; e à noite, as calçadas estão forradas com as casquinhas da semente.
Comemos na maior parte das vezes nas barraquinhas e deu tudo certo, sem passar mal. Na primeira vez, até que ficamos com um pouco de receio porque os lugares são meio bagunçados, muitos na própria calçada mesmo. Aqui, chamamos isso de falta de higiene, mas higiene é uma questão tão pessoal (ou social), não? Lá, eles vivem diferente e as pessoas não morrem de diarreia. As comidas mais normais são: fried rice (arroz frito) com porco, frango e uma batatinha palha por cima, sopa de noodles e vegetais com porco e frango também, e spring rolls (rolinhos fritos).
Não achamos a comida muito saborosa, mesmo quando fomos a um restaurante mais chique (Quan An Ngon). No último dia, um achado: o restaurante Net Hue. Este nós realmente recomendamos. Ah! E também superindicamos a doceira de rua Panna Cota para comer um waffle com chocolate: 1,5 dólar e um pedacinho do céu. Infelizmente, eles não têm uma página na web ou no Facebook pra eu colocar aqui. 🙁
Comprar no Vietnã é uma arte. Não aceitem a primeira oferta. Façam uma contraproposta com um valor que acham justo e chorem. Como eles estão muito acostumados com europeus, e com o euro, quase tudo é superinflacionado. Se conseguirem chegar a um valor justo, pode ser que o vendedor fique meio chateado de você ter conseguido “ganhar a negociação”, mas eles jamais venderão alguma coisa com prejuízo.
Muitos lugares não têm preço anunciado, e quando você pergunta o valor normalmente o vendedor leva um tempinho para responder. Ele deve analisar os compradores: roupas, sapatos, idade, etc… E então ele cobra um preço que acha que você pode pagar.
Dizem que os serviços para os turista estão mais caros de forma geral no Vietnã, mas ainda assim são bem baratos: se você quiser comer um prato gostoso em um restaurante bacaninha e tomar uma cerveja, isso será possível gastando 3 ou 4 dólares por pessoa.
Já havia adiantado no post anterior a questão do trânsito. Atravessar a rua é sempre um evento, mas principalmente no começo. Você estaciona na calçada, espera, espera e espera e, sem semáforo e faixa de pedestre, os carros e motos não param de jeito nenhum. Até esse momento, mil locais e vários turistas loucos já encararam a travessia e você pensa: “meu, que povo louco”. Então, quando você percebe que não tem outro jeito, cola em um local, olha para os dois lados mais de dez vezes (como se isso ajudasse) e põe o primeiro pé na rua. A partir daí já era. A regra é um pé na frente do outro, jamais voltar pra trás e tentar ver o máximo de motos que conseguir. E, como por um milagre, você consegue. Atravessa a rua! E esse é um momento de pura vibração.
As motos são o principal meio de transporte no Vietnã. Por acaso, já havia passado pela sua cabeça tudo o que dá pra transportar em cima de uma moto?
Passeios também não faltam. Nós adotamos a política do “escolher os que parecem mais legais e investir tempo e dinheiro neles”. Não estamos visitando todos os lugares fantásticos que o Lonely Planet recomenda e estamos nos saindo bem. Em Hanói, visitamos o complexo Ho Chi Min e o Templo da Literatura. Também compramos um day tour para Halong Bay, lindo demais. Dou mais detalhes dos passeios neste post: passeios e Hanói e Halong Bay.
Também andamos muito pela cidade, coisa que sempre adoramos fazer. Olhar ruas, as pessoas, as lojinhas… O Hoan Kiem Lake, que fica bem no centro, é uma delícia. Um pouquinho de paz na agitação vietnamita.
É muito comum, principalmente nas cidades do interior, as crianças quererem interagir com você. Encontramos muitos grupos escolares na rua e quase todos eles com uma legião de crianças fofas e bem humoradas dizendo “hello”, “hello” para todos os turistas. Um chuchu!!!
Em um lugar tão movimentado, tão cheio de estímulos, manter a atenção ao que acontece a sua volta é fundamental. E por isso, sentimos não ter conseguido contemplar mais a cidade, observar mais as pessoas e como elas vivem. Com tantos eventos acontecendo do lado de fora, fica até difícil olhar para dentro e enxergar como as coisas realmente são. De Hanói, levamos a simplicidade das pessoas, os cheiros entorpecentes das comidas e a sinfonia das motos e carros. Autenticidade que quebra seus pré-conceitos logo de cara.
quando vocês foram?
Olá Silvana, fomos na primeira quinzena de março e ficamos 15 dias no Vietnã. VocÊ está pensando em ir pra lá também?
Jesus!!! Que aventura ein. Estava vendo relatos do pessoal do blog Projeto 101 Países e tb fiquei pensando nessa confusão toda 😛
É uma super aventura atravessar uma rua pela primeira vez no Vietnã. É uma experiência que fica marcada pra sempre! 😉
Eu ainda não me aventurei pela Ásia, mas é muito legal ler os relatos dos amigos! Adoro esse chapéu do pessoal do Vietnã hehehe
Na torcida pra você se aventurar o quando antes!!! Esse chapéu é demais. Acredita que trouxemos um com a gente? hehehe
Amei os “cheiros entorpecentes”… a Ásia e o seu diferente estão no topo da minha lista de destinos desejados… rezo todas as noites para o dólar baixar, kkk… bj
Gabi, mas o Sudeste da Ásia é um lugar bem barato, viu? Mesmo que o dólar não baixe taaanto, dá você ir ainda assim conseguir ficar dentro do orçamento. Estava no topo da minha lista também. E não me arrependi nadinha. 😉
Pam, esta questão de atravessar a rua é bem igual na África hahaha Acaba virando um evento mesmo! Tá na minha lista, mas ainda vai demorar! beijos
Paaaam, que doideira esse trânsito ahaha
E como você conseguiu se comunicar por lá? Bateu essa curiosidade!
eijos
Super doido mesmo Dani! Eu já sabia que era assim, já tinha visto vídeos, mas não imaginava que ficaria nervosa só de tentar atravessar a rua, hahaha.
Foi bem tranquilo pra gente a comunicação no Sudeste da Ásia. Conseguimos falar em inglês mesmo. Eles entendem bem e falam o básico. Num boa. 😉
[…] Hanói, loucamente autêntica […]
Muito legal o blog. Sucinto e preciso. Com fotos muito boas dá até vontade de colocar uma mochila nas costas e sair por aí. Enjoy.
Oi Nestor! Obrigada pelo elogio ao blog e às fotos, principalmente vindo de você. Obrigada por nos acompanhar também!
Mais uma vez eu me senti passeando pelas ruas locais com a sua descrição… Perfeito!! Keep walking, keep travelling, keep discovering, keep writing! 😀 #likedalot
Under, adoro seus feedbacks! E também saber que está acompanhando. Obrigada pelos elogios! 🙂
Na terceira foto: “Sugar Cane Juice”…….. isso quer dizer, GARAPA?? Hmmmm,… =)
Realmente, NADA parecido com o que eu esperaria de uma descrição do Vietnã, particularmente Hanoi. Que lugar bacana!
Agora, sai de Hanoi, vai para Hoi An…. todos os nomes de cidades no Vietnã são anagramas de AHINO? =)
Otávio, realmente é uma cidade muito diferente do que se imagina. Sugar Cane Juice é Garapa sim!!! kkkkk
Hanói enlouquece um pouco, mas é uma cidade muito bacana!! Cheia de estímulos.
Sobre a coincidência dos nomes eu tinha falado sobre isso ontem mesmo com o Paulinho… rsrsrsrs Mas, é só coincidência mesmo. Nossa próxima parada aqui em Hanói será Ho Chi Min.
No próximo post, vou falar mais dos passeios e dar dicas, caso se animem.